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PROGRAME-SE: Qual o papel da publicidade em um tempo cada vez mais tecnológico?

 

BRUNO PINAUD: Eu acho que a publicidade é um aditivo para o que quer que seja, pra economia como um todo, independente da forma que ela se expressa, seja ela num filme, seja ela numa tecnologia nova, seja ela numa ação de internet. Eu acho que o que ela faz é acelerar processos. Se um produto é bom, ela faz mais pessoas ficarem sabendo dele mais rápido e fazem ele alcançar o maior número de pessoas e ter mais sucesso. Se o produto é ruim, ela faz mais pessoas ficarem sabendo desse produto mais rápido e fazem ele se dar mal mais rápido. Então eu acho que no fim das contas é bom pra todo mundo.

PROGRAME-SE: No processo de criação da campanha, qual a importância do público?

 

BRUNO PINAUD: Acho que tudo parte do público, né? Nosso objetivo é ser relevante, então, a gente tem que se projetar no, no público, inclusive, né? Tem um negócio que a gente fala aqui que é o nosso objetivo é fazer amigos. Então você precisa conhecer, você precisa se interessar pelas pessoas, você precisa saber reconhecer valores, reconhecer tendências. A nossa matéria prima é o público na verdade, né? Tudo parte dele, você não vai oferecer um produto para um público que não tem interesse por aquilo, então, não faz sentido você fazer uma campanha que não esteja adequada com os interesses desse público. Então, ele é o nosso ponto de partida.

PROGRAME-SE: Como funciona o processo de criação para a TV?

 

BRUNO PINAUD: Acho que funciona do mesmo modo para qualquer coisa: você recebe um pedido de comunicação, que é basicamente um problema que a comunicação, que a criação tem que resolver e a partir daí, a gente já fica sabendo qual é o produto, qual é o cliente, qual é o público que ele se destina e que problema é esse. Com esses elementos, a gente descobre a melhor maneira, ou de solucionar o problema via comunicação, ou de empacotar uma notícia da melhor maneira para o público.

PROGRAME-SE: Nesse processo, já se pensa no público de outras telas?

 

BRUNO PINAUD: Depende. Às vezes o projeto é pra TV, às vezes o projeto é pra internet, às vezes o projeto permite que você misture os dois, então varia muito de projeto a projeto. Geralmente a gente foca no problema e no público, e daí vem a solução. Se esse público passa mais tempo vendo televisão, provavelmente vai ser um filme. Se esse público não vê televisão e está sempre na internet, provavelmente vai ser uma ação de internet. Se esse público não está em nenhum dos dois e o objetivo é atingir na rua, provavelmente vai ser uma ação de rua. Então, tem muito a ver com o que é inerente a cada um.

PROGRAME-SE: Como você analisa a mudança de comportamento do público ao longo da sua carreira?

 

BRUNO PINAUD: Esse público é a gente, né? Nós hoje temos mais opções. Hoje o mundo tá mais complexo, né? São mais opções, a oferta de conteúdo é muito grande. Então você tem que estar com o dedo muito no pulso do consumidor. Saber o que quer, onde ele está, quais são os interesses dele, para você estar bem em sintonia com aquilo, porque senão você simplesmente vai passar desapercebido, ou vai tá falando sozinho.

PROGRAME-SE: Quais as vantagens em desvantagens em produzir campanhas pra TV atualmente?

 

BRUNO PINAUD: O formato TV ainda é um formato muito sedutor, né? Você tem o áudio, o vídeo, as pessoas estão paradas pra te ver. Acho que uma, uma das coisas mais difícil é que muita coisa já foi feita. Difícil ser original num formato que, que começou em 1950, né? Que já tem, tem muito tempo. Mas, pra mim, ainda é um dos melhores, é um dos melhores formatos pra se trabalhar, você tem possibilidade de contar uma história, você pode trazer as pessoas para uma história. As dificuldades são as mesmas, por incrível que pareça, são as mesmas de se criar um banner, são as mesmas de criar uma ação de rua. Você sempre tem que resolver um problema e você tem uma folha de papel em branco. A maior dificuldade é encher aquela folha com um monte de possibilidades e, dessas possibilidades, uma delas vai ser a mais legal e essa é a que a gente apresenta, torce pra dar certo, senão você retrabalha ela, enche mais folha de papel em branco. É muito um trabalho de garimpo. A dificuldade é ter disposição para continuar tentando, continuar buscando, vendo o problema de outros ângulos.

PROGRAME-SE: E quanto ao impacto da internet?

 

BRUNO PINAUD: Acho que a internet ajudou muito a gente, né? Por que, hoje em dia, se você não tiver um conteúdo relevante, interessante ou legal, a pessoa simplesmente pula. Na internet você não consegue controlar, você não consegue mais comprar olhinhos. Ou você é relevante, ou as pessoas vão pensar em outra coisa. Hoje você tem o second screen. Então, tá todo mundo vendo televisão e olhando nas redes sociais, postando, vendo fotos, lendo outras matérias. Então mais uma vez, você tem que ser relevante, você tem que ser interessante. A internet trouxe um desafio maior que é O da qualidade e quando a gente fala de qualidade paro profissional de criação, é um cenário ótimo. Eu não vejo nem como um problema o futuro, eu acho que ele abre uma série de oportunidades novas e até formatos que não foram explorados. Quando a gente tem um formato que tá um pouco exaurido dos trinta segundos, a interação e a combinação com a internet dão outras possibilidades pra gente, dão chance pra gente testar coisas novas.

PROGRAME-SE: Qual o futuro da publicidade?

 

BRUNO PINAUD: Eu acho que tem uma grande oportunidade aí. O que acontece com as marcas? Elas precisam saber onde estão as pessoas. A propaganda dificilmente vai acabar, porque ela é boa para todo mundo, ela fomenta coisas. O que está acontecendo hoje é uma, uma mudança de formato. Estão surgindo formatos novos. Formatos antigos estão ficando menos interessantes, até pela saturação. Acho que o print tem perdido um pouco, o rádio tá perdendo bastante, mas ainda tem muita coisa pra, pra ser feita, pra ser explorada. Vai haver uma fusão ainda maior das marcas com o conteúdo, você não vai precisar parar o programa para passar a mensagem de um patrocinador. Provavelmente esse programa tem a ver com os valores de uma marca que vai fazer questão de estar inserida e vai ajudar esse conteúdo a ser melhor produzido.

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