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PROGRAME-SE: Quais as principais demandas dos clientes de uma agência?

 

CAMILA FONSECA: O maior desafio que a gente tem sentido, principalmente esse ano [2015] é ter que fazer uma comunicação efetiva em tempo de crise. Então, a gente está tendo que fazer mais para o cliente com menos dinheiro e pensar a comunicação como um todo. Extrapolar o que era uma publicidade mais tradicional para realmente fazer comunicação. Os clientes têm pedido isso pra gente, pra gente rentabilizar verba sem perder uma comunicação efetiva, criativa, e que gere o resultado que eles esperam. Acho que essa é a maior demanda, a maior dificuldade, mas o maior desafio, principalmente agora em dois mil e quinze e o que vem pela frente.

PROGRAME-SE: Como o mercado de publicidade tem se adaptado ao cenário da convergência?

 

CAMILA FONSECA: A gente cada vez tem que fazer menos publicidade e mais comunicação. Pensar o negócio do cliente, mais do que a gente fazer uma coisa que é pensar criativamente, botar um spot na TV e achar que a gente está fazendo muita coisa. Quem faz isso hoje, não faz nada, na verdade. Se a gente não pensar o mercado como um todo, a tecnologia como um todo, o consumidor como participante de todo esse processo, a gente não tá fazendo nada pelo cliente. Então, eu acredito que a gente tem que fazer mais comunicação, pensar mais globalmente, pensar no negócio, principalmente do cliente, é, ser participativo nisso, ser um parceiro de negócios do cliente e não um fornecedor de ideias criativas.

 

PROGRAME-SE: Geralmente, quais as principais expectativas dos clientes?

 

CAMILA FONSECA: Hoje a gente não tem mais um cliente que pense em veículo. A gente tem um cliente que pensa em resultado, em campanha, em objetivo de campanha. Então se a gente tem o objetivo de ir a awareness, a gente vai procurar os meios que vão entregar awareness. Se a gente tem o objetivo de segmentação, a gente vai buscar isso em outro lugar. Ou a gente vai fazer um mix das duas coisas para ter uma campanha multimeios e que ofereça as duas respostas para o cliente. Então, a gente não pensa mais em meio ou veículo, a gente pensa a entrega e aí a sim a gente vai pensar o que a gente vai propor e onde a gente vai achar essa solução. Essa demanda de meios, essa demanda de veículos, é muito passado.

PROGRAME-SE: Desde quando essa mudança no mercado tem sido notada?

 

CAMILA FONSECA: Eu acho que isso vem acontecendo de uns cinco anos para cá e mais especificamente de uns dois anos isso deu uma acelerada. A gente está num país de dimensões continentais, com uma TV aberta com penetração de praticamente cem por cento, noventa e nove por cento é o que a TV tem de penetração, e tínhamos uma hegemonia de Globo. A Globo tinha uma penetração de noventa e seis por cento. De cinco anos para cá, isso vem caindo. A Globo hoje tem noventa e três por cento de penetração. A gente vê internet crescendo, pay tv crescendo, então esse fenômeno de principalmente TV caindo foi um alerta, tipo: “Tenha alguma coisa acontecendo. Não adianta mais eu colocar meu dinheiro todo em TV aberta que isso já não é uma realidade”. Isso também já não é tão rentável assim, porque se tá a penetração caindo, a audiência tá caindo, tá ficando menos rentável. Então, onde eu posso botar meu dinheiro para me entregar isso?

PROGRAME-SE: E qual a força da TV diante desse quadro?

 

CAMILA FONSECA: Muito forte. Não tô dizendo que a TV não tem importância, ela tem a relevância e acho que ela vai ter para sempre porque a gente tem um país que a TV faz parte da cultura, do hábito né? A gente tem que pensar que a gente já não é mais escravo da TV. As pessoas são pessoas multitela e hoje a gente passa a maior parte do tempo com o celular na mão. O celular é nossa primeira tela. Não é mais a TV. Oitenta e um por cento de quem assiste novela ou a um horário nobre, tá com o telefone na mão, interagindo numa rede social. 

PROGRAME-SE: Para você, qual será o futuro da publicidade?

 

CAMILA FONSECA: A própria publicidade não tem futuro. Eu acho que a comunicação tem futuro. A gente tem que pensar que a gente está aqui para fazer comunicação. A gente está aqui pra pensar o cliente como sendo um parceiro de negócios e não como um entregador de ideias, porque isso não diferencia mais nenhuma agência. A gente tem que ser parceiro, a gente tem que pensar em comunicação.

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