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PROGRAME-SE: Quais os desafios de fazer TV em tempos de convergência?

 

CELSO ZUCATELLI: Na verdade, eu acho que esse espaço está sendo ocupado ao mesmo tempo por várias mídias. O que a gente não pode exatamente é pensar dessa forma. A gente não pode achar que a gente está disputando espaço. A gente tem que somar esforços. Eu trabalhava num jornal impresso quando a internet surgiu, e o primeiro pensamento é: “Meu Deus, o jornal impresso vai acabar.”. Não. Não foi isso que aconteceu. Muitas redações passaram a fornecer material digital também pra internet. Houve uma adaptação, foi necessário a gente se adaptar, como a televisão também teve de fazer essa adaptação. Na mesma forma isso aconteceu. Então a gente hoje entende por exemplo, que você tem a compra de produtos, quando você utiliza, que não deixa de ser televisão, né, que o on demand você vai comprar o que você quer assistir, mas você não deixa de ser televisão, simplesmente é uma outra maneira de você consumir televisão. Isso pensando o lado do consumidor. Eu acho que você tem mais opção para as pessoas. Isso é bom, isso é positivo, é bacana. Então, a gente tem que entender assim, como o profissional de televisão, a gente tem que batalhar pra gente jamais pensar nisso. Não entenda aquilo como um concorrente. Entenda aquilo como um aliado. Então hoje a gente faz isso, eu to aqui conversando com você, tô no ar no programa, eu vou lá e o telespectador participa via Whatsapp. Eu tô utilizando a internet ao mesmo tempo. Eu tô usando o meu telefone celular como uma ferramenta de comunicação com o telespectador. A mesma coisa eu faço com as minhas redes sociais, utilizando os outros recursos e as outras ferramentas para agregar o telespectador, para trazer mais gente, especialmente, para abrir um canal mais próximo de comunicação. Há dez anos a gente não tinha isso, hoje é mais fácil conversar com o telespectador. Todo mundo sai ganhando.

PROGRAME-SE: É possível compreender bem quem é o público de hoje?

 

CELSO ZUCATELLI: Você tem que saber falar pra todo mundo, tem que saber respeitar todo mundo. O ideal quando você faz televisão aberta é você falar de forma aberta, falar para todo mundo, esse é um segredo. Então, você, claro que você vai dar uma informação às vezes um pouco mais específica pensando exatamente no seu público, mas sem esquecer dos outros telespectadores. A palavra chave disso é respeito, respeite todo mundo que tá ligando a televisão pra te ver, aí fica fácil.

 

PROGRAME-SE: A interface jornalismo-entretenimento está ficando cada vez maior?

 

CELSO ZUCATELLI: Acho que sim. Eu acredito nisso. Eu sempre defendi que a melhor maneira da gente comunicar é do jeito que a gente tá fazendo aqui, batendo papo. Não tô olhando pra câmera, falando sério. Eu tô conversando, batendo papo com você. E é assim que a gente consegue levar uma informação mais conversada mesmo quando o assunto é mais árido, mais difícil, mesmo quando a gente tá falando da operação lava-jato, mesmo quando a gente tá falando da crise econômica ou política no Brasil. Se a gente faz isso de forma mais coloquial, mais simples, mais bate-papo, fica mais fácil pra todo mundo entender. Primeira coisa. O entretenimento permite isso. Então no meu caso, eu consegui juntar essas duas coisas, eu venho do jornalismo e hoje faço uma coisa mais solta. Eu vou deixar de falar sobre política e economia? A maneira que eu vou utilizar, a forma como eu vou abordar esses temas é que vai mudar, e sem dúvida nenhuma, fica mais fácil pra todo mundo compreender.

PROGRAME-SE: Como você pensa o futuro da TV?

 

CELSO ZUCATELLI: Não dá pra saber. Isso que é legal! A gente não tem como saber isso, as coisas vão aparecer, as coisas vão surgir. Essa convergência, sem dúvida nenhuma, é algo importante que a gente tem que estar atento. Mas novas tecnologias podem aparecer amanhã, podem aparecer depois de amanhã. O importante é você estar preparado e aberto para as mudanças, sem preconceito. Você tem que ter capacidade de se transformar. Eu acho que se você tiver aberto a isso, fica muito mais fácil de você fazer. E o futuro, que ele venha cheio de tecnologia, cheio de novidades. Eu acho que a tecnologia vai tá cada vez mais presente, a mobilidade vai tá cada vez presente, isso sem dúvida nenhuma, mas o que vai surgir no meio do caminho? Não tenho ideia. Se a gente imaginasse, eu no começo da minha carreira no início dos anos 90, mais ou menos, que a gente ia chegar aqui, dessa forma, com essa tecnologia, com um telão desse tamanho pra falar com todo mundo, conversar com o telespectador ao vivo utilizando um aparelhinho assim... Se eu falasse isso pra alguém naquela época, os caras iam falar “Você é louco, cara!?”. Importante, então, é a gente ter a cabeça aberta e preparado para as mudanças e aprender com elas.

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